Do curioso, ao inusitado … Marrocos! 1ª Parte

O blog Experiências de Viagens tem o propósito de mostrar as nossas experiências pelo mundo, pelo país onde vivemos (e, eventualmente, apresentarei cidades do país onde nascí – Brasil), mostrando um pouco sobre os fatos históricos, culturais e pitorescos dos lugares, mas também experiências/vivências de outras pessoas por esse mundão de meu Deus. Aqui já foi postado a vivência de Mariana Figueiredo, na Inglaterra, Felippe Calmon, na Capadócia e hoje a narração, com riqueza de detalhes, de Tatiane Camurugy, em sua fascinante passagem pelo Marrocos, que fica no Norte da África. A cultura marroquina é uma mistura de árabes, berberes nativos, Africano subsaariano e influências europeias. A religião predominante é o islã e as línguas oficiais são o árabe e tamazight. O dialeto marroquino, referido como Darija, e o francês também são falados extensamente.

Amei demais e fiquei encantada. Como não sei se terei chances de ir lá um dia, devido às circunstâncias que às vezes a vida nos impõe, me contento com essa bela postagem! Tenho certeza que vocês vão amar também!

Texto e fotos de Tatiane Camurugy. Vamos nos deliciar agora com a riqueza de detalhes e dicas para quem pretende visitar o Marrocos. Quem tiver oportunidade, abra essa postagem de um laptop, tablet ou computador, para fazer jus à beleza das fotos e ler mais confortável a postagem. Lembre-se que essa é a primeira parte. A segunda, vai sair numa postagem separada, toda dedicada a Marraquexe!

Viajar se tornou pra mim mais do que entrar em contato com outras culturas, se tornou uma necessidade. Necessidade de enxergar com os próprios olhos o que há além do horizonte, além dos oceanos.. Há alguns anos uma amiga havia comentado comigo como estava fascinada pelo Marrocos e fiquei com aquela vontade irresistível na cabeça. Pois bem, este ano, em novembro de 2018 pude colocar o plano em prática. Malas prontas, finalmente desembarcamos pela primeira vez no continente africano.

Nossa aventura iniciou na Espanha, e de Madrid pegamos um voo pela companhia RyanAir. Ao descer do avião fiquei deslumbrada com a imponência do aeroporto, uma imensa e moderna edificação branca, belissimo. Porém, o deslumbramento logo deu lugar ao cansaço. Ficamos mais de 2 horas e meia na longa fila da imigração. A sensação que tive foi que toda a burocracia da verificação de entrada de estrangeiros era feita manualmente.

Embarcando…

Chegando …

Carimbo de entrada no passaporte, já seguimos com nosso transfer até à nossa estadia, um riad, dentro da medina (centro da cidade). Recomendo fortemente já acertar previamente com algum motorista o translado até o hotel. Lemos em vários blogs as dificuldades de alguns turistas que pegaram táxi e que o carro só deixa no entorno da medina, fazendo com que o turista recém-chegado acabe se perdendo no labirinto da cidade e necessite pagar a alguém para guiar até o hotel. Não foi nosso caso.

Combinamos, ainda no Brasil, com nosso guia que faria o tour do deserto, de realizar o nosso translado do aeroporto até o Riad (hotel) e ele o fez, como acordado. Ligou para o nosso hotel e esperou até que algum funcionário viesse ao nosso encontro para adentrar a medina conosco até a nossa acomodação. Nesse momento já era noite, todo o comércio já estava fechado e incrivelmente não vimos nenhum lixo em todo o percurso. Depois de entrarmos no labirinto e rodarmos em algumas vielas, finalmente chegamos ao Riad Dar Titrit.

 

Chegando em Marraquexe

Já no Riad (hotel)

Sala com lareira, para chá.

De fato nenhum automóvel pode entrar no centro da cidade murada de Marraquexe (medina), portanto, acho super válido já acertar o translado antes para chegar sem dor de cabeça.

Comentei anteriormente que nos hospedamos em um Riad. Mas o que é um Riad? É como se fosse uma mansão de vários quartos, de pessoas com alto poder aquisitivo, que foram transformadas em hotel. Optamos por nos hospedar neste tipo de acomodação para ser mais típico e sentir com mais veracidade o clima da cidade.

A instalação era bem marroquina, com tapetes em todos os quartos, pouca luminosidade, o que dava a atmosfera de mistério, fora o delicioso cheiro do pé de laranjeira no centro do hotel que era um presente para meu olfato.

Bem, no dia seguinte pegamos um tour de 4 dias e 3 noites para o deserto do Saara com a empresa Desert Family Tour. No passeio estavam incluídos o transporte em um carro grande 4×4, acomodação nas 3 noites, café da manhã e jantar, além do passeio de camelo e acompamento no deserto. O valor que acertamos foi de 200 euros por pessoa, o que pela quantidade de quilometros rodados, acomodação e alimentação já vale a pena. Valeu cada centavo!

O tour incluia esse veículo

Foi realmente inesquecível! Sempre foi um sonho conhecer a grandiosidade do maior e mais quente deserto do mundo, parecia inalcançável e lá estava eu embarcando numa viagem de mais de 550km até o deserto do Saara.

Nosso guia Larsen, nos mostrou um pouco de sua cultura e de sua história, uma companhia maravilhosa na aridez do nosso passeio.

O guia Larsen

Iniciamos o passeio subindo a sinuosa estrada da cordilheira do Alto Atlas. Visitamos a cidade de Ouarzazate, e um museu do cinema. Vimos cenários de vários filmes como A múmia, Gladiador, dentre outros. Consigo imaginar como deve ser um deleite pra um diretor de arte, ter aquele céu azul, sem uma única nuvem e todo aquele sol para iluminar as cenas externas.

Cordilheira do alto do Atlas. Atrás cidade de Quarzazate.

Museu do cinema. Fotos by Milla Pins

Fomos passando por inumeras paisagens: vimos neve nas montanhas do atlas, paisagem da savana, cactos, coqueiros imperiais e alguns oásis. Tudo novidade para mim!

A estrada que liga Marraquexe a Ouarzazate atravessa a imponente Cordilheira do Atlas, mais especificamente o Alto Atlas, cujo pico mais alto (Jbel Toubkal) atinge os 4167 metros de altura. Há neve no topo, inacreditável!

No dia seguinte acordamos cedo, tomamos café e pegamos estrada. Conhecemos a Garganta do Dades, depois de visitarmos Ait-Ben-Haddou, e após, nos direcionamos para um acampamento berbere no meio do deserto, próximo a cidade de Merzouga, quase fronteira com a Argélia.

Quase chegando no nosso destino vimos uma cena pitoresca, quase de filme… Tempestade de areia! Esperamos literalmente a poeira baixar um pouco para nos aventurar pelo deserto. Para chegar ao acampamento só é possível ir de camelo, quadriciclo ou a pé.

Eu e minha amiga Mirela optamos por atravessar o deserto de camelo e meu esposo, Vinicius e nosso amigo Juliano, preferiram fazer diferente, ir de quadriciclo.

Marido e amigo de quadriciclo

Quadriciclos

Já estava paramentada para a aventura. Tentei proteger os olhos, com óculos escuros e nosso guia Larsen nos ajudou a fazer um turbante para proteger orelhas, nariz e boca. Carregamos uma mochila com poucos itens (escova de dente, oculos de grau, lenços umidecidos pente e lanterna), além de água mineral, afinal estavamos indo pro deserto!

 

Aventura do Deserto de Saara… Eu e minha amiga Mirella (Milla Pins)

E lá estava eu pronta para subir no camelo. Tantos já subiram e andaram, eu ainda exitei, mas fui. Eu precisava vivenciar o que seria um passeio em cima de um camelo, ter essa experiência na vida.

 

Eu e minha amiga Mirella no dorso do dromedário

Momento único …

Travessia…

Saudando o Astro Rei

Pausa para descanso …

O que posso dizer? O camelo, ou melhor, o dromedário (tecnicamente andamos de dromedário), não fede. Achava que o fedia mais do que cavalo, e me surpreendeu o animal não ter um cheiro ativo. É muito mais alto do que um cavalo. Quando estava em cima dele e olhava para o chão dava um certo temor. Balança muito. Imagine estar andando numa areia fofa, balança demais e você acaba tendo que fazer uma força grande nas mãos e nos braços para tentar estabilizar seu corpo entre as corcovas do dromedário. O trajeto até o acampamento dura cerca uma hora e meia, então no final já fica um pouco cansativo, por conta de toda a tensão que você fica para não cair. E durante o trajeto quase cai, o guia do camelo teve que me ajudar. Mas o que me tranquilizava é que tinha areia fofa no chão.. 🙂 rs… Mas o cenário é de tirar o folego. O único som é o do vento e dos passos do “camelo”. Fizemos o trajeto na hora do por-do-sol, um espetaculo. Se não fosse o final da tempestade de areia durante o inicio do trajeto seria ainda mais bonito de se ver.

 

Nossos rastros deixados para trás

E lá se vai o sol…

Linda hora dourada

Bem, depois de uma hora e meia, e de um banho de meleca de espirro do dromedário que estava atras, chegamos sem danos ao acampamento. Os meninos já nos aguadavam, ainda cheios de adrenalina do passeio que fizeram no quadricilo. Eles gostaram muito.

Fomos recebidos com um chá de menta, com amendoim de snack.

O acampamento era super organizado, no meio de um vale cercado por imensas dunas. Tinha estrutura de banheiro (com vaso sanitário), água corrente na pia (de poço), e a tendas para dormir super tranquilas, até com luz eletrica. Ainda incluso jantar (serviram sopa de cuscuz e um tajine de frango), além de frutas.

Vista do acampamento… Foto by Milla Pins

Olhando a aridez lá fora …. By Milla Pins

Lugar de descanso no meio do deserto….ou eu estou vendo uma miragem? rsrsrs By Milla Pins

 

O impressionante foi observar o céu a noite, completamente estrelado. Dá pra entender como os povos nômades se guiavam pelos astros. Lindo, realmente indescritível, somente a lente dos olhos humanos consegue captar a amplitude desse imenso tapete estrelado.

Dormimos com o uivar do vento na tenda, inicialmente forte, que deu lugar posteriormente a um silêncio ensurdecedor no momento do nascer do sol, somente entrecortado por um gemido de dor de um camelo do acompamento ao lado do nosso (parece que estava com a pata machucada).

A noite não foi congelante, como havia me preparado piscologicamente. Clima ameno, agradável.

Acompanhamos os primeiros flashes de luz solar, que se insurgiam por entre as dunas, e logo em seguida, depois de engolir um copo quentinho de chá, demos adeus ao imponente, e implacável Saara.

Seguimos viagem até uma comunidade berbere formada por nômades da Argelia. Com um sorriso no rosto mostraram-nos cânticos utilizados em cerimônias sagradas e nos convidaram a participar da dança.

Após pegamos estrada até um ponto que está localizado o Museu dos Fósseis. O instrutor do museu fez uma breve explanação e mostrou fósseis do período pre-histórico, com evidências de que o deserto já fora anteriormente um grande mar. E depois de rodar muitos quilômetros, retomamos à cidade de Dades, com todo acolhimento familar para descansar e seguir estrada cedo na manhã seguinte.

 

Museu dos fósseis

Fósseis

E no último dia paramos em Ouzarzarte, fomos conhecer um castelo antigo de um sultão da região denominado Kashbah. Fizemos um passeio guiado com uma guia, que conseguiu ampliar ainda mais nossos horizontes.

Entrada do Castelo Kashbah. Foto by Milla Pins

Vista do Castelo. Foto by Google.

Tivemos a oportunidade de conhecer uma cooperativa de óleo de argan e todos os encantos do Alto do Atlas.

Durante esses mais de 550km não observei buracos, a estrada estava toda conservada e ainda observei vários trechos em obras, em manutenção. Só senti falta dos acostamentos.

Diferente de tudo que já vivenciei, recomendo fortemente, para aqueles que têm o espírito mais aventureiro, a conhecer a região.

 

It’s only fair to share…
Share on FacebookShare on Google+Pin on PinterestEmail this to someone

Leave a Comment