Assis, o reencontro com a religiosidade!

A cidade é Sé Episcopal, edificada sobre o Monte Subásio da cadeia de montanhas Apeninos. A cidade preserva suas paredes romanas em pedra, ruas estreitas e sinuosas, sua maior atração é a Basílica de São Francisco de Assis. A construção da basílica começou logo após a canonização de Francisco em 1228. Erguida sobre uma colina da cidade, na época conhecida como Colina do Inferno (onde os criminosos eram mortos). Hoje, o local é conhecido como a Colina do Paraíso. A Basílica é diferente das demais, na parte superior não há ouro nem prata, lembra apenas a simplicidade de Francisco, porém tem muitos afrescos, feitos por artistas famosos italianos. Na parte inferior, subsolo, está o túmulo de São Francisco.

Basílica

Não poderia deixar de fazer essa postagem, mesmo que já tenha uma outra aqui no blog, da minha primeira visita. Nada é igual, nem mesmo a emoção, que com o passar do tempo se refina e adquire uma sensibilidade mais apurada. Dessa vez, experimentei a viagem de trem e por conta própria (onde comprei bilhetes na estação ferroviária em Florença, para mim e mais três pessoas que estavam dispostas a aventura – na vez anterior fui de excursão e foi muito limitado). A viagem na ida foi um tanto inusitada, pois não estava contando viajar em pé, nunca imaginei que venderiam bilhetes sem lugares para sentar, me fez lembrar os trens urbanos e metrôs. Isso acontece nos trens regionais da Trenitalia. Os da Italo são confortáveis e com lugares marcados. Bem, mas já quase perto de chegar, tivemos sorte de pessoas descerem em algumas estações e então sentamos. Cada paisagem deslumbrante pelos caminhos. Mosteiros e ruínas de igrejas nos altos dos penhascos, plantações de uvas e oliveiras a perder de vista!

Na estação de trem, em Roma, indo para Assis

Tinha lido em algum blog que ao chegar na estação poderia-se pegar um ônibus, táxi (dizendo ser muito barato, em torno de 7 euros) ou ir à pé, que chegaríamos a Igreja de São Francisco em 30 minutos andando. Qual nada!!! rsrsrs…resolvemos pegar um táxi, onde o motorista não falava e nem entendia uma palavra de inglês ou espanhol, você percebia que era pessoa bem simples e iletrada e nos cobrou 15 euros para nos levar até a basílica, pois até o topo seria 20 euros. Se tivéssemos acreditado nas informações lidas e fossemos a pé, iríamos chegar com as línguas de fora, suando e passaríamos por um caminho deserto e olhe lá se chegaríamos em 1 hora de caminhada. Nossa!! 🙂

Entrando por umas das suas oito portas medievais, a Porta San Pietro e logo chegamos a basílica.

Mas tudo vale a pena quando a mente não é pequena! A primeira coisa a fazer e a mais importante era a visita a Igreja de São Francisco (onde para entrar passa-se por uma revista de segurança). É ela o destino final de milhões de peregrinos, todos os anos – só a pequena cidade de Assis chega a receber até 5 milhões de turistas ao ano (para fins de comparação, o Brasil inteiro só recentemente começou a receber cerca de 6 milhões de turistas estrangeiros ao ano).

Fomos direto para o lugar reservado ao túmulo do Santo e dos seus companheiros. Sim, ali dentro na cripta está o corpo de São Francisco de Assis, até hoje. Uma experiências indescritível. Só sei que ao encostar minha cabeça nas grades que protegem o túmulo comecei a soluçar de tamanha emoção, em seguida fiquei um pouco tonta e senti como se um redemoinho estivesse no alto da minha cabeça me levando para cima. Nesse momento minha irmã se aproximou, ouvi ela e as amigas dizerem alguma coisa e tive a sensação de estar sendo puxada para baixo. Levantei-me e sentei no banco para orar. Depois senti vontade de abraçar cada uma. Nesse momento, sentí uma paz muito grande e é um sentimento que não há palavras que possam explicar, só quem vai lá é que sabe.

No jardim, uma escultura do “Cavaleiro Regresso”, que simbolizava o jovem Francisco que, antes de se converter, havia ido lutar na guerra contra a Perugia, sido preso, e na prisão tendo começado a ouvir o chamado para voltar à Assis e começar o seu trabalho.

Estátua “Cavaleiro Regresso”

Saímos, percorremos a igreja e seguimos para visitar a de Santa Clara, que infelizmente estava fechada para reformas. É nela que hoje abriga, em seu interior, as relíquias da santa e o crucifixo que falou com São Francisco. Em estilo gótico, a basílica foi construída com a típica pedra rosa do monte Subásio. A pracinha em frente à igreja é bem graciosa, acaba em um terraço que presenteia os turistas com uma linda vista do vale umbro.

Logo em seguida, percorremos as ruas estreitas da cidade para fotos e encontramos a Chiesa Nuova, bela igreja, construída no estilo renascentista tardio, pequena e bem simples. Foi construída em 1625 no lugar onde era a casa dos  Bernardones. A princípio não sabíamos, mas após pesquisa descobri  que esta igreja foi um dia a casa de São Francisco, que morou até os 24 anos, com seus pais, até sua conversão. Pode-se também visitar a loja onde Francisco vendeu as suas vestimentas e a minúscula cela (embaixo de uma escada) na qual Francisco foi preso por seu pai, que o prendeu para que desistisse de sua vocação (quem leu a história dele sabe). Este é o lugar onde Francisco decidiu responder ao chamado divino e renunciar aos bens mundanos. É emocionante conhecer o lugar que viveu São Francisco. Na entrada da igreja tem a estátua de seus pais. Foi chamada Chiesa Nuova porque foi a última igreja a ser construída em Assis naquele momento.

Praça del Comune e Templo de Minerva

Continuando a caminhada, seguimos pela Via San Francesco para chegar à Praça del Comune, onde está o Templo de Minerva (antigo santuário romano do século I a.C.). O Templo de Minerva, antes de se tornar um monumento religioso, foi um tribunal que abrigava no subsolo as celas da prisão. A clássica fachada é elegante e seu interior é decorado com características barrocas do século XVII. Apesar destes prédios pertencerem a épocas distantes, são perfeitamente integrados entre eles, formando um agradável conjunto heterogêneo. Esta praça é também o epicentro da celebração da Calendimaggio da cidade, um festival medieval de origem pagã, que honra a primavera, e a renovação do ciclo da vida com uma exibição colorida de teatro, dança e canto em vestimenta medieval completo. O jovem São Francisco foi conhecido por sua poesia recitando e cantando elegantemente durante este evento. É geralmente realizado na primeira semana de maio (isso pode mudar de ano para ano).

Restaurantes ao largo da praça del comune

Da cidade vê-se o castelo Rocca Maggiore, uma fortaleza dos anos 1200 construída por causa das guerras com a cidade de Perúgia. O castelo domina o alto da cidade e todo o vale que o circunda – sem dúvidas um panorama espetacular, que permite ver Assis de uma posição privilegiada.

Rocca Maggiore

Visão da fortaleza Rocca Maggiore

 

No caminho nos encantamos com a beleza desse lugar, florido e bem cuidado, lotado de recantos especiais, e nada mais apropriado para a cidade do que esta estátua viva. Também nos apaixonamos por uma loja de produtos de lavanda, minha irmã comprou uns sachês deliciosos e não podíamos deixar de tirar foto na bicicletinha enfeitada 🙂

Estátua viva

As três encantadas com a bicicleta 🙂

Tempo para compras de souvenirs e voltamos à estação para retornar à Roma, pois tínhamos passeio à noite. Da próxima vez, se Deus quiser, volto para dormir em Assis. Dizem que as luzes da noite tornam a cidade ainda mais encantadora!

Portal

Mais portal

Portal com vista para o vale

Se existe um lugar capaz de abrigar em si uma sensação de paz de espírito, uma incrível beleza arquitetônica, uma história antiquíssima e obras de valor inestimável (praticamente um tesouro a céu aberto), esta cidade se chama Assis.

 

It’s only fair to share…
Share on FacebookShare on Google+Pin on PinterestEmail this to someone

Leave a Comment