Finalmente Veneza!
Encerrando a parte da Itália, por enquanto (até nova oportunidade de lá voltar!), deixo as fotografias, que me farão lembrar sempre da magia, romantismo e beleza que envolvem esse cantinho do mundo e enfim, é difícil decidir qual o lugar daquele País onde não podemos dizer que é fascinante!
Desculpem-me, mas nesse post não tem como não ficar empolgada e falar um pouco mais sobre essa cidade…
VENEZA não é uma cidade como as outras. Pertence à Itália, mas está até mesmo fora de seu território, abrigada numa laguna do Mar Adriático. A área pertence politicamente à Itália e, se fosse um país, seria dos mais ricos e desenvolvidos, com 4,5 milhões de habitantes, renda per capita de Primeiro Mundo e indústrias como a Olivetti e a Benetton, entre outras mundialmente famosas. Não foi feita para carros, nem para gente deste tempo, mas para heróis de dias em que navegar era preciso. Visitá-la é uma viagem diferente, fascinante, imperdível e fora dos padrões do turismo moderno. Lá, é preciso ter sensibilidade para projetar-se no clima do século 15, quando a cidade já era do jeito que é hoje. Quem vai para lá não está só saindo de férias, mas sobretudo viajando NO TEMPO.
Lá nada é comum ou plausível, a não ser o comportamento humano, esse parece não variar jamais, seja o das crianças, dos transeuntes ou dos condutores. Você está em Veneza – e portanto a avenida é um canal, o ônibus é uma embarcação e as cercanias são palácios estranhos que brotam da água como recifes estranhamente esculpidos com formas bizantinas.
Veneza, ou La Serenissima, como é conhecida, é a capital da região do Veneto (localizada no Nordeste da Itália). É uma ilha em forma de peixe banhada pelo Mar Adriático e cercada de 118 ilhas banhadas por pequenos canais, que constituem a laguna veneziana e conta com mais de 400 pontes.
Veneza não tem perpétuo domínio sobre o mar: ao contrário, é dominada por ele. Resiste como pode, é verdade. Mas o mar corrói suas construções, invade suas praças e afugenta seus habitantes. Nos últimos quarenta anos, a população da cidade diminuiu menos da metade. De 175 mil habitantes, restaram apenas 78 mil.
As pessoas que vão para lá atrás do seu esplendor não se decepcionam, a menos que tenham a sensibilidade de uma coluna de concreto. É impossível, nesta cidade, encontrar um ângulo ruim. Você olha para a direita e dá com uma viela arrancada da Idade Média, olha para a esquerda e vê-se em pleno Renascimento ao lado de Bellini (não o zagueiro: o pintor!), olha para cima e vê o campanário de uma igreja secular, olha para trás e o sol do Mediterrâneo provoca reflexos dourados nas águas do Bacino di San Marco. Mas para se apaixonar pela cidade é preciso que você tenha um cromossomo em comum com Goethe, Mozart, Tiepolo, Thomas Mann, Wagner, Hemingway, Tintoretto, Verdi, Stravinsky ou qualquer outro dos gênios que, não por acaso, aqui buscaram inspiração para suas obras.
Caso contrário, você vai estar inclinado a enfocar as mazelas de uma cidade que, afinal, permanece parada no tempo tanto para o bem quanto para o mal. Isto significa, por exemplo, que você não vai gostar do mal cheiro que os canais exalam quando o calor aumenta (verão: de final de junho a setembro), nem da profusão de ratos que infestam os porões e justificam a preferência dos venezianos pelos gatos como animais de estimação.
Ora: pois se a cidade não sofreu nenhuma mudança desde o século 15, é natural que seu sistema de saneamento não seja moderno, digamos, como o de Toronto ou Bruxelas. Em contrapartida, você também não iria encontrar, naquelas duas cidades, 450 palácios de valor artístico inegável como os que se vê lá, encostados uns aos outros.
Românticos de qualquer espécie são bem-vindos. A atmosfera da cidade é propícia para todo tipo de paixões e eis por que existem os gondoleiros que envergam as tradicionais camisas listradas e os chapéus de palha com fitas coloridas. Mas nem todos eles são tão legítimos assim, poucos cantam realmente bem, a maioria nem sai do cais por menos de 50 dólares por hora (embora valha negociar conforme a época do ano). De toda forma, não há gondoleiros em nenhuma outra parte do mundo e se seu sonho é desfilar à la Mastroianni e Cardinale no cenário que inspirou Vivaldi a compor As Quatro Estações, você simplesmente não tem alternativa.
Veneza também é indicada para bons vivants em geral. Tem restaurantes ótimos, pratos formidáveis, doces famosos (o marzipã veneziano é insuperável), vinhos de boa origem e botecos chamados bacaros, onde se encosta a barriga no balcão e come-se cicheti (aperitivos salgados) que já davam água na boca nos marujos de Marco Polo. Tem bares famosos na Piazza de San Marco, como o Florian’s e o Quadri, que desde o século 18 competem pela freguesia com uma saudável e nem sempre cordial disputa de orquestras na praça. Ou ainda o sempre citado Harry´s Bar, predileto de Hemingway (estava em todas o americano!), local onde foram inventados o carpaccio e o coquetel chamado bellini, impagável mistura de champanhe com um pêssego especialmente saboroso (aliás, pagável, a 10 dólares o copinho).
Veneza – importante que se diga – é uma cidade difícil. Seus caminhos são labirínticos e você se perde a cada cinco minutos, mesmo com o mapa oficial da Azienda di Promozione Turistica na mão. Ela também é uma cidade cara – os venezianos que ficaram na cidade tentam sorver até a última moeda de sua carteira. Veneza é, enfim, um destino para se curtir mais com a alma do que com o corpo, mais com jeito do que com complacência, mais com o coração do que com a cabeça.
Chegamos a Veneza de trem à noite e fomos direto para o hotel, carregando malas por centenas de metros (não há carros na cidade, lembre-se). Ficamos dois dias. Após o café da manhã do primeiro dia, fomos aproveitar o dia conhecendo os canais, que são inúmeros e andar até não aguentar mais…rsrsrs…Parada obrigatória na Praça de San Marco, passeios de gôndola, palácio Ducal e etc
Literalmente tudo que há em Veneza merece ser visto. Você pode optar em caminhar para a Ponte do Rialto, região onde os comerciantes se concentravam há mil anos e, reciclados, continuam até hoje. Claro que você não vai deixar de ver a Ponte dos Suspiros, que não se chama assim por motivos românticos, mas porque era o caminho onde os presos condenados à morte deixavam seu último alento. Nem a Accademia, com seu incomparável acervo de arte. Nem as exposições que animam quase todos os palazzi, nem as igrejas, nem os canais, nem mesmo os escombros do Teatro Fenice, recentemente incendiado, onde os maiores mestres da música dos últimos séculos se apresentaram.
No segundo dia pegamos uma embarcação no cais da Piazza San Marco para um passeio de três horas e meia que incluiu as ilhas de Murano e Burano onde fomos visitar os artesãos de cristais de Murano e as casas coloridas de Burano, nos arredores de Veneza. Quanto coisa linda!
Só como sugestão, se estiver planejando uma viagem a Veneza, evite a época do pico do verão, por causa do mau cheiro, isso ocorre pelo nível do mar estar muito baixo (maré) e isso faz com que a água dos canais fique parada (vale-se ressaltar aqui que, ultimamente, tem-se notícias que este problema está cada vez mais raro graças ao trabalho de saneamento dos canais). Também não é aconselhado ir na época onde costuma chover muito, por causa dos alagamentos. O fenômeno chamado acqua alta, que equivale a uma grande inundação da cidade, tem-se repetido com freqüência cada vez maior. O solo de Veneza cedeu 23 centímetros em relação ao nível do mar neste século. (Fonte de pesquisa: veneza.guide)
Portanto, na minha opinião, a época mais agradável do ano para uma viagem a Veneza são os dias de final de março a junho e de setembro a novembro.
Veneza, enfim, é indicada aos poetas, aos sonhadores e àqueles a quem sobrou algum sentimento mais duradouro do que uma camiseta do Hard Rock Cafe ou um walkman japonês.
Ana Mendes -
Muito boas as dicas e as informçãoes sobre este lugar maravilhoso e que nos remete ao passado.
mariagbco -
Obrigada!